sábado, 1 de maio de 2010

"Eu tenho mais de vinte anos"

Hoje, ouvindo e vendo um show de Elis Regina, gravado em DVD e comercializado em uma coleção especial, fui da crise sexual-amorosa que me atormentava, há dias, a uma crise existencial tremenda, motivada pelo aterrorizante verso “eu tenho mais de vinte anos”, da música “20 anos Blues”.
Nesse verso, descobri não só o peso de se ter vinte anos, mas o de se ter, precisamente, vinte e dois anos e meio.
Isso é tudo o que tenho, além de algum dinheiro emprestado, uns poemas escondidos, uma família que também é dos outros e um curso superior pela metade.
E é difícil, sim, aceitar este fato: “Eu tenho mais de vinte anos”, pra ser preciso: Eu tenho vinte e dois anos e meio.
É difícil porque de repente nos encontramos na posição em que, há pouco tempo atrás, estavam aqueles que mais odiávamos, os jovens crescidos. É belo ser jovem, ser crescido?.........................................!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!.....................................................
.............................................Sinceramente, não gostei da experiência com a adultez. Como Rimbaud, odeio o mundo do trabalho, da produção em massa. Como Rimbaud, odeio a vida prática que, hoje, Rimbaud odiaria mais ainda.
Acho que é por isso que gosto tanto de tudo o que tem a ver com arte, principalmente, gosto muito de artistas.
Tenho sim, e assumo, um insistente interesse pelas pessoas que andam movimentando alguma coisa que seja música, pintura, teatro e, às vezes, até dança. E sempre, em meus sonhos, aparecem os artistas. Neles, estamos, eu e um alguém, com a mais pura arte do mundo, ora andando por aí, ora parados por aqui, a brincar com a idéia do amor, e motivados, sobretudo, por um desejo e por um prazer absurdamente estético.
Acho também que esse interesse maluco tem a ver com o que neles, nos homens da arte, há de insólito e superior aos homens vulgares: os artistas são, ao mesmo tempo, demasiadamente jovens e demasiadamente maduros. Vejo o artista como o sujeito que consegue tratar de assuntos adultos com toda a adolescência da expressão e do modo totalmente atrevido e rebelde que trazem.
É por isso que meu intuito é andar sempre rodeado por gentes de arte. E não vai importar se serão 22 e meio, ou 41 e meio, ou 61 e meio a minha idade, serei mesmo um jovem que não cresceu e que morrerá ainda jovem.

2 comentários:

  1. Wesley, pelos seus textos percebo que és um escritor de rara sensibilidade... Me identifiquei muito com suas ideias e seus gostos literários - precisa comentar o poema de Pessoa do seu perfil no orkut? Obrigado por nos dar a oportunidade de conhecê-lo mais por meio de suas letras, valeu!

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  2. obrigado a vocês, pelo interesse e pela compreensão.

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