Oh! Vaca Profana,
Me vÊ! E vê
Que sou o bagre.
Eu sou a suspensão do ar na água suja que te invade!
Oh! Vaca e Profana,
Vê que eu sou o bagre nadando raso
Eu sou,
na espessura do riacho,
o soluço de um abutre
A cantar, o abutre a cantar,
A cantar
Um abutre
regado a suor
Oh! Vaca Profana,
Não vÊ?
Eu sou o resto da fome de estrume
Eu sou a necessidade no estômago vazio de um cavalo com fome
E sou, Oh! Vaca Profana, o grunhir da vontade de um pouco mais
Da vontade de gastar mais deste nosso canto
De gastar mais dessa oração, que é sua
É sua, Vaca Profana
De gastar mais um pouco
De gastar mais um muito
De gastar mais o todo
De gastar mais o tudo
De gastar a cera de seu ouvido, Vaca Profana
De gastar essa saliva amarga que me compõe
Essa saliva que compõe
Eu sou o bagre, eu sou o estrume na cloaca cancerosa do bagre
Eu sou, Vaca Profana, a sua promessa de recusa
De recusa ao sagrado lume do fundo
Porque sou o resto do resto do estrume na superfície da falta.
Uau... excelente, dedico essa leitura à minha vaca profana, que me largou no pleno gozo da minha cólera ( que tive por ela ).
ResponderExcluirL. Figueiredo