quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ofélia Estranha


Ela é tão bonita

Que se assusta

De desprevinida


Ante o espelho

Calcula e edita

As fadigas do amor


O meu, profano

Relampejante

E lento, possante


Disfarsa clara

Me desacredita

Me apara a unha


e me afina as

Aspas da cara

Na casa vazia


Me cava a cova

Na lua e parte

Sorri e chora seu


Sorriso total

Acalma a guarda

E agora as almas


Mas com a razão

Marcada de dor

Ela Inexorável


Acorda a fala

Metida a coágulo

Na lata toráxica


O peito, coração

Este cerne vitral

Íntimo e cálido


Apalpa ínfimo

E morro Hamlet

O Príncipe enjeitado.

2 comentários: