terça-feira, 4 de maio de 2010

A forma e o conteúdo conjugados da vida

Há quem vê a vida como uma comédia, diz-se dos que a pensam; há, também, quem vê a vida como uma tragédia, os que a sentem. Eu, como não gosto de reduzir nada a muito pouco e como sempre busco conjugar todas as idéias em uma unidade coerente, porém, híbrida de elementos determinativos, compreendo a vida como, ao mesmo tempo, uma comédia e uma tragédia. Porém, essa compreensão não se estabelece simplesmente a partir de meu olhar sobre a vida, mas sim a partir do modo com que a vida se me apresenta. Tenho, pois, o homem e a sua fatal condição imanente como o centro dessa compreensão. Assim, recordando-me da forma com que Machado de Assis mostra em seus textos o processo cíclico de perdas e ganhos do homem ao longo de sua história, chego à conclusão de que a vida é um eterno iludir-se para desiludir-se e tornar-se a se iludir...

É nesse sentido que a vida será uma tragédia e uma comédia conjugadas.

Há quem observa os homens e percebe o quanto estão aí iludidos, acreditando que são felizes, quando tudo não passa de uma farsa construída pelo sistema ideológico em que vivem, sistema apegado ao otimismo progressista. Esse que vê, de fora, acredita que, diferentemente do outro, é livre. Não se ilude com o sistema e, por isso, não depende das mentiras que o mundo conta para aliviar as suas dores de viver. Imbuídos de um pessimismo inconsciente veem a vida como uma desilusão somente. A experiência humana, toda ela é fracassada. Todo viver é doloroso. Mais vale a morte; fim completo de toda a ilusão.

Os jovens propagadores da cultura Emo, hoje, carregam esse legado da vida fracassada, da vida prática como exercício de uma desilusão. São os homens desiludidos.

O que esses pobres não conseguem ver é que até essa eterna desilusão não passa também de uma ilusão. Todo olhar desligado do modo de representação do próprio ato de ver é ilusório.

Assim, a vida será, mais que qualquer coisa, esse processo trágico, porém, lúdico e cômico, de representação da ilusão que nos engana e da desilusão que nos detona. Mas o importante mesmo é não dar ouvidos a essas baboseiras todas. O importante é ter paixão pelo que, independente de trágico ou cômico, é a vida. A vida na sua intensidade mais ardente.

2 comentários:

  1. Você "escrachou", cara... Peraí... Vc existe msm? existir de se pegar? Os adivinhos dizem prever o futuro, vc consegue o mais difícil: ver o proprio presente com olhos livres... vc parece incapaz de usar eufemismos... Como vc é capaz de falar da vida com tanta propriedade? Vc e a poesia devem ter uma relação de pura promiscuidade, só pode ser... Libertinagem... Abraços...

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