sábado, 14 de agosto de 2010

A política dos corpos ou um poema neobarroco

A Késia Tavares

A curvatura frontispicial

Do meu corpo,

Aqui e Agora, num

Encaixe instantâneo com

A curvatura traseira de

Teus modos.


A substância incorpórea

Do medo me empresta a nós

Na matéria instável do desejo.


Somos em riste a mola

Do acontecimento, a mola

Que sustenta e elabora

Os desígnios do encaixe.


A física dos dedos

Na leveza do impróprio:

Política dos corpos.


Agora a dobradura das pernas:

Dobras na dor são redobras

No prazer de cair-se inerte.


A inclinadura dos âmbitos:

Instamo-nos dispostos ao vento,

Que momentâneo, é puro gozo.


E uma força elástica tange-nos

Ao fundo da pele, e revira-nos

O fundo cavernoso do dentro,

Onde o improvável dos sonhos

É mechido e remechido até que

Tornado irremediavelmente incerto.


E de repente temos a vida

Toda em larvas como que

Grossas e clara como que

Branca, no dentro e no fora.


E morreria teu corpo se

Não se dispusesse ao meu.

E morreríamos dispersos no

Andar de cima: que Abaixo de

Deus. Mas morremos ainda se

Grudados e drapeados um na

Largadura do outro e incertos

De tão vertiginosos e mortos

De tão vivos, como que imersos

No infinito afável do todo.

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